Será que tem realmente desconto? Vem aí mais uma Black Friday ou seria Fraudei, no Brasil?



O comércio on-line se arma para a próxima sexta-feira, dia em que o país terá sua quarta edição da Black Friday. Inspirado na data em que o comércio americano desova estoques para a época do Natal, promovendo megadescontos, o evento existe no Brasil em versão e-commerce desde 2011. De lá pra cá, muitos consumidores fizeram bons negócios. Outros ganharam dores de cabeça e garantiram idas ao Procon. Entre os principais problemas estão a maquiagem de preço, os servidores sobrecarregados e a falta de estoque. Tantas adversidades renderam ao evento um nome 'paralelo': Black Fraude. Para tentar reverter o quadro, os organizadores promovem, desde o ano passado, medidas para se precaver da má-fé de lojistas e dos problemas tecnológicos. 

O empresário Pedro Eugênio, do site Busca Descontos, que trouxe o evento ao Brasil, garante que as lojas aprenderam com os erros e se deram conta de que não compensa sair com a imagem arranhada devido à propaganda enganosa. Por isso, intensificou o trabalho de adesão ao selo Black Friday Legal — que garante, de certa forma, a idoneidade das empresas. Eugênio também disponibilizou desde o ano passado, no site ReclameAqui, um canal direto para queixas sobre as ofertas do evento. Há ainda um acompanhamento em tempo real dos preços dos produtos feito pelo Instituto Sieve. O intuito é combater a maquiagem de preço, que atingiu um índice de 21% no ano passado. “Além de ter muita gente que espera a Black Friday para comprar produtos de maior valor agregado, neste ano, muitas pessoas querem usar a data para antecipar os presentes de Natal. Além disso, o 13º salário de grande parte dos brasileiros cairá na conta no dia exato da Black Friday, o que aumenta o potencial de consumo”, explica o organizador.
Entre 2012 e 2013, o número de transações saltou mais de 400%, para 1,95 milhão, durante o dia e ao longo do fim de semana. Já as reclamações aumentaram 6,2%, segundo o ReclameAqui. “A Black Friday traz mais vendas e, consequentemente, maior número de problemas. A frase de ordem para o período é estar preparado para resolver todos eles. No caso do consumidor, é preciso se manter atento e comparar preços”, explica Maurício Vargas, presidente do ReclameAqui.
Segundo dados do Google, entre os meses de outubro e novembro, o interesse de consumidores pela Black Friday aumentou 200% em relação ao mesmo período do ano passado. A gerente de vendas para varejo do Google Brasil, Lidiane Tahan, afirma que entre as principais buscas estão eletrônicos, eletrodomésticos, vestuário e móveis. “Para as empresas é importante investir na Black Friday porque, se o consumidor tiver uma boa experiência no site, ele volta para fazer compras no Natal. É uma ferramenta estratégica para que a empresa consiga captar novos clientes”, afirma. O Google representa 30% da origem dos acessos de todos os sites de varejo credenciados para a Black Friday.
Outro fator determinante para estimular as empresas a não errarem em 2014 é o próprio cenário econômico. As vendas no comércio subiram apenas 2,6% até setembro deste ano, o pior resultado em quase uma década. Já a inflação abocanha uma fatia cada vez maior da renda da população. O IPCA de outubro marcou 6,59%, acima do teto da meta do Banco Central. Não bastasse isso, a demanda por crédito tem recuado e as famílias apertam os cintos para evitar o endividamento. Traduzindo na linguagem do comércio, esses indicadores sinalizam que a população está comprando menos e que os varejistas estão com estoques elevados. Sendo assim, a Black Friday será a última chance antes do Natal de reverter o quadro de desaceleração. A expectativa é de que as vendas superem 1,2 bilhão de reais — uma alta de 56% em relação ao ano passado. Apesar de inferior ao crescimento do ano passado (que chegou a 217%), a previsão é otimista quando se leva em conta a conjuntura ruim. A saber se vai se concretizar.
Fonte: Veja Online

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