Obama enfurece Partido Republicano com ordem que evitaria 5 milhões de deportações.

Obama enfurece Partido Republicano com ordem que evitaria 5 milhões de deportações.

Mais de quatro milhões de pessoas que vivem nos Estados Unidos sem autorização legal podem ficar a salvo da deportação no futuro próximo, através de uma polêmica ordem executiva que o Presidente norte-americano anunciou na noite passada, 20.
A importância e a sensibilidade do tema levou Barack Obama a marcar uma rara comunicação ao povo americano em horário nobre, na noite da atribuição do Grammy Latino. O canal Univisión decidiu interromper a transmissão da cerimónia para passar ao vivo o anúncio do Presidente norte-americano.
  Nessas condições estão quase quatro milhões de pessoas que entraram nos EUA sem documentos há pelo menos cinco anos,  mas que são pais de crianças que já nasceram no país ou que têm autorização de residência permanente. Outras 600.000 pessoas poderão ser beneficiadas com a ordem executiva de Barack Obama – os jovens conhecidos como "dreamers" (sonhadores), que foram levados para o país antes dos 16 anos de idade, e que tinham de ter menos de 31 para reclamarem o direito a não serem deportados. Estes "dreamers" já foram beneficiados por uma outra ordem executiva de Barack Obama, em 2012, e agora o Presidente deverá aumentar as idades mínima e máxima, para alcançar ainda mais candidatos.
Para além da garantia de que não serão deportadas, as pessoas que cumpram todos os requisitos e que tenham também uma ficha criminal limpa vão poder procurar emprego de forma legal.
A ordem executiva de Barack Obama levou vários membros do Partido Republicano a acusá-lo de se comportar como "imperador" e "monarca", por agir sem que o Congresso (o órgão legislativo) tenha aprovado qualquer alteração no atual sistema de imigração – o Senado, com maioria do Partido Democrata, aprovou no ano passado uma proposta de reforma, mas a Câmara dos Representantes, liderada pelo Partido Republicano, nunca aceitou levar a votos um documento semelhante.
Obama diz que já esperou tempo de mais por uma ação do Partido Republicano, e que se vê forçado a agir por razões humanitárias – a sua ordem executiva impede que milhares de famílias, atuantes no país e com peso na economia, não sejam separadas.
"Toda a gente concorda que o nosso sistema de imigração não funciona. Infelizmente, Washington tem permitido que o problema se degrade há muito tempo", disse o Presidente dos EUA num vídeo publicado na página da Casa Branca no Facebook.
Como não se trata de uma lei aprovada pelo Congresso, a ordem executiva poderá ser revogada pelo próximo Presidente, e enfrentará por certo a forte oposição do Partido Republicano, que admite retirar fundos às agências governamentais responsáveis por aplicar as leis de imigração.
Num texto intitulado "Obama não é um monarca", o senador republicano Ted Cruz – uma das faces do movimento conservador Tea Party e potencial candidato a Presidência de 2016  incitou o seu partido a fazer tudo para travar a ordem executiva do Presidente.
"A nossa Constituição tem um sistema de pesos e contrapesos ("checks and balances" no original), e uma anistia executiva para os imigrantes que estão ilegalmentes aqui, decretada de forma unilateral pela Casa Branca, fragiliza seriamente a primazia da lei", escreve o senador do Texas no site da revista Politico.
Mas as medidas propostas por Ted Cruz são também um indicador de que o Partido Republicano ainda está à procura de uma posição comum para enfrentar os próximos dois anos, depois da recente conquista da maioria no Senado, que só começará a valer à partir de Janeiro.
O senador desafia o futuro líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell, a "não confirmar uma única nomeação – executiva ou judicial –, à excepção de posições vitais para a segurança nacional"; se isso não for suficiente, Cruz propõe que a maioria republicana no Congresso exerça "o poder da carteira", ou seja, que jogue com a aprovação de orçamentos até que a Casa Branca recue. O problema é que esta estratégia pode levar a uma nova paralisação do governo norte-americano (shutdown) semelhante à que ocorreu em Outubro de 2013, e que penalizou nas sondagens em particular o Partido Republicano.
O receio de voltar a ser penalizado por um shutdown levou o futuro líder da maioria no Senado a afastar esse cenário: "Não vamos paralisar o governo, nem vamos ameaçar com o descumprimento da dívida federal", garantiu McConnell na semana passada. Já nesta quinta-feira, McConnell garantiu que irá fazer tudo para anular a ordem executiva do Presidente, mas não explicou de que forma: "Se o Presidente Obama desafia o povo e impõe a sua vontade ao país, o Congresso irá agir. Estamos avaliando uma variedade de opções. Mas fiquem com uma certeza. Quando os representantes recém-eleitos assumirem as suas cadeiras [no Congresso], eles vão agir."

Fonte: Publico Pt

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